"Existe uma força superior que criou o brasileiro,
destinado desde pequeno a sobreviver no drible.
Tem gente que chama de ginga.
Tem gente que chama de marra.
De raça. De manha. De talento.
Tudo isso é o Espírito Canarinho.
E Canarinho tá em todo lugar:
na mesa de bar, nas unhas roídas, no radinho de pilha.
Canarinho é torcer por paixão, é jogar por instinto.
Cada um do seu jeito.
Nem sempre o jogo é fácil,
mas Canarinho não veio ao mundo pra cumprir tabela.
Canarinho é o jogador invisível que derruba o adversário no grito.
Canarinho não veste uma camiseta: veste uma bandeira.
Canarinho tá no jeito."
O manifesto acima faz parte de uma nova ação da Nike, chamada "Movimento Canarinho", que começou dia 25 de maio. Foi a primeira desenvolvida 100% no Brasil. A ação inclui reformulação de lojas, a criação de um "Bar Canarinho", um site, além de um hino oficial: “Voa Canarinho Voa”, canção imortalizada pelo ex-jogador Júnior em 1982 e que desta vez contou com uma atualizada de Marcelo D2 e o Dj Nuts, no melhor estilo rap-samba-funk.
O diretor de Marketing da Nike, Tiago Pinto, diz que a inspiração veio das ruas, do espirito de boleiros, que sobrevivem no drible, dentro e fora do gramado. Tudo isso foi traduzido com ilustrações super bem humoradas de ícones que remetem a nossa real cultura, como o garí, a arquitetura, a música ou a "pelada". Desta vez o Zé Carioca, a Carmem Miranda e as bananas não tiveram espaço...
O trabalho foi encomendado ao estúdio de design Colletivo. A curadoria artística da coleção ficou a cargo de Eduardo Saretta, sócio da Galeria Choque Cultural, (mais posts sobre a Choque aqui no blog) e as ilustrações feitas por artistas como Don Torelly, Jurubis e Presto.
Momento Cultural: O uniforme amarelo da nossa seleção apareceu em campo pela primeira vez na Copa da Suíça, em 1954, batizado de "canarinho" pelo o radialista Geraldo José de Almeida, que se emocionou ao ver as cores da bandeira estampadas nos jogadores.
Mas o que normalmente não é lembrado é que as cores verde e amarelo do nosso uniforme sairam de um concurso nacional. Foram criadas pelo gaúcho Aldyr Garcia Schlee, nascido em Jaguarão em 1934, radicado em Pelotas/RS. Schlee é escritor, jornalista, tradutor, desenhista e professor universitário.
Ele criou o uniforme verde e amarelo em 1953, aos 19 anos, vencendo 201 candidatos no concurso promovido pelo jornal carioca Correio da Manhã para a escolha do novo uniforme da seleção.
Após o concurso, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) oficializou o uniforme. Como prêmio, Aldyr ganhou um prêmio em dinheiro e um estágio no Correio da Manhã, no Rio de Janeiro, onde pode conhecer e conviver com figuras expoentes do jornalismo da época como Nélson Rodrigues, Antonio Calado, Millor fernandes e Samuel Wayner.
O mais engraçado que ele é um fanático torcedor…do Uruguai!!! Deve ser pela relação com a fronteira…
Um comentário:
Alo Miguel! Ótimo post!
Realmente o Aldyr mora (ou pelo menos morava...) la na terrinha. Certa vez, assisti uma palestra dele la na antiga ETFPel, muito interessante, falando sobre o processo de criação da camisa canarinho.
E os artistas ditos "de rua" escolhidos pra essa campanha são ótimos mesmo. Me remete àquela discussão de outro post daqui sobre
arte de rua em galerias e museus e, nesse caso, numa campanha de uma multinacional esportiva.
A Nike já tinha feito uma outra campanha promocional de tênis pra skate usando artistas "de rua" que tiveram que se inspirar nas ruas de Porto Alegre, Curitiba e SP (se não me engano...) pra desenhar os "guidis". E ficou muito boa!
Aquele abraço!
diegodelarocha
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