Pete Eckert, começou a fotografar em 1980, quando ficou cego. Acredita que aquilo que à partida seria uma incapacidade lhe dá uma vantagem sobre os outros.
"Sou uma pessoa muito visual", diz o fotógrafo francês Pete Eckert. "Só não consigo ver".
“Os fotógrafos que vêem falam muito da dificuldade daquilo a que chamam 'ver'. Eu digo-lhe, 'Se não consegues ver, é porque a tua visão está a intrometer-se".
Outro fotógrafo participante, mais conhecido entre os brasileiros por já ter feito exposições aqui, é Evgen Bavcar, ele define bem a vida de um fotógrafo cego: “Eu tenho uma galeria particular, mas, infelizmente, só eu posso visitá-la. Outros podem entrar por meio das minhas fotografias, mas eles não vêem os originais, apenas as reproduções”.
A obra do fotógrafo esloveno naturalizado francês Evgen Bavcar busca as relações possíveis entre a visão, a cegueira e a invisibilidade. Completamente cego dos dois olhos, Bavcar constrói as imagens fotografadas através de uma relação verbal com quem enxerga as fotos. É através do relato dos outros que surge para ele um universo ordenado à distância, mas capaz de alcançar uma intensidade espiritual ao resultar na obra de alguém que se apropria de algo que não vê. Recontar o que há no papel é, para Bavcar, uma maneira de transcender a imagem.
"Para estes artistas, a fotografia é o processo de criar manifestações físicas de imagens que já existem como ideias puras", explica o responsável pelo evento, Douglas McCulloh. "Por isso, esta mostra coloca uma tese central surpreendente: que os fotógrafos cegos possuem a visão mais clara do planeta."
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