agosto 11, 2008

Brasília sem Bulcão


"Artista eu era. Pioneiro eu fiz-me. Devo a Brasília esse sofrido privilégio. Realmente um privilégio: ser pioneiro. Dureza que gera espírito.Um prêmio moral". Athos Bulcão

Faleceu no último dia 31 de julho de 2008, no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, um dos maiores artistas brasileiros, o qual realçou os projetos arquitetônicos de Niemeyer em Brasilia. Sua obra está na rua, em contato direto com o dia-a-dia das pessoas. A cidade é seu museu, sua galeria, e suas obras de integração arquitetônica feitas para o eterno convívio com a população.

[ Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de julho de 1918. Dedicou grande parte da sua vida a Brasília, cidade que escolheu para viver. Aqui chegou em 18 de agosto de 1958, e residiu até o fim da sua vida.


Athos Bulcão é responsável pelo conjunto de uma obra de qualidade artística inigualável. Artista múltiplo, sua arte está ao alcance do cidadão em seu trajeto cotidiano: no parque, nos muros, nas escolas, nos edifícios residenciais e nos prédios públicos. Como diria o arquiteto e amigo de longa data, João Filgueiras Lima, o Lelé, “como pensar o Teatro Nacional sem os relevos admiráveis que revestem as duas empenas do edifício, ou o espaço magnífico do salão do Itamaraty sem suas treliças coloridas?”, difícil imaginar.


Athos cursou medicina, mas abandonou-a por amor à arte. Expôs sua obra nos mais importantes espaços culturais do país. Viajou pelo mundo afora e por lá deixou a sua marca. Seus painéis podem ser vistos na França, Itália, Argélia, Argentina e Cabo Verde, dentre muitos outros paises. Trabalhou no Ministério da Educação e na extinta Novacap. Lecionou no Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Foi condecorado pelo governo brasileiro com a “Ordem do Rio Branco” e com a “Ordem do Mérito Cultural”. Recebeu o título Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília, a “Medalha Mérito da Alvorada” do Governo do Distrito Federal, e o título de “Cidadão Honorário de Brasília”, concedido pela Câmara Legislativa. Todos os títulos e condecorações o emocionaram, mas não tanto quanto a criação da Fundação que o homenageia e que há quase 16 anos preserva, documenta, promove e divulga sua obra junto aos jovens, estudantes de escolas públicas e particulares, professores, artistas, jornalistas e a comunidade em geral.


Athos foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, os maiores responsáveis por sua formação. Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx –, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti, Manuel Bandeira entre outros.


Aos 21 anos, os amigos o apresentaram a Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis na Pampulha e aprendeu muitas lições importantes sobre desenhos e cores. Antes de pintar, planeja as cores que vai usar e acredita fervorosamente que o artista tem de saber o que quer fazer. Athos não acredita em inspiração. Para ele, o que existe é o talento e muito trabalho. "Arte é cosa mentale", diz, citando Leonardo da Vinci. ] Fundação Athos Bulcão

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