agosto 15, 2008

A Costura do Invisível


Em junho de 2004, durante a São Paulo Fashion Week, o estilista brasileiro Jum Nakao desfilou, diante de uma platéria de mil e duzentas pessoas, uma coleção inteira feita unicamente de papel, com referências estéticas do final do século XIX. As modelos, em suas roupas de papel rendado, extremanente delicadas e elaboradas, utilizavam perucas de plástico estilo Playmobil.
Ao final do desfile, quando tudo parecia estar decifrado, as frágeis roupas foram destruídas pelas próprias modelos em plena passarela, fazendo com que o público se tornasse parte de todo o processo criativo. O ousado trabalho consumiu meia tonelada de papel vegetal e 700 horas de rabalho de uma equipe de mais de cem pessoas. Todo o trabalho foi mantido em segredo, inclusive das modelos, que não sabiam que teriam que rasgar as roupas. O desfile inusitado virou um livro, editado pela Senac, e um DVD, intitulado de "A Costura do Invisível".


O documentário nos fala de todo processo de desenvolvimento da coleção de papel, considerada pela SPFW como o desfile da década de moda no Brasil, e um dos mais importantes desfiles do século, pelo Museu de Moda de Paris. Mostra como foi gerado o conceito e pensados todos os detalhes: dos momentos da trilha sonora à cenografia.

Vi o filme há pouco tempo, por indicação do amigo designer Roy (você pode comprar o DVD pela internet). Nele vê-se Nakao esbanjando generosidade e doação, qualidades que segundo ele caracterizam um criador. Deixa claro no documentário que o trabalho coerente é aquele para o qual o artista transfere sua alma, e que mais do que o produto em si o que mais importa é a razão de ser das coisas, os conceitos e significados intrínsecos.

"Precisamos desnudar a nossa alma para revelar a capacidade de sermos leves, sonhar com indizíveis, impossíveis, inexplicáveis, indefiníveis. Há um possível ainda invisível no real."

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