maio 31, 2011

No Rio, Norman Foster e Niemeyer defendem vãos.


Vem coisa boa por aí! Nas últimas semanas o arquiteto britânico Noman Foster esteve no Brasil, visitando as obras de Niemeyer em Brasília e seu escritório, no Rio. A conversa do britânico com o brasileiro foi gravada e deve integrar trilogia de documentários sobre design.

Entre os assuntos, destaque para as cidades - com conceitos diferentes - que ambos projetaram partindo do nada: BRASÍLIA (1960), a qual surgiu no início da valorização da cultura automobilística...



...e MASDAR (2007), inspirada em arquitetura e urbanismo árabes, tem ruas estreitas e pátios, privilegiando o pedestre e alternativas sustentáveis.



FOLHA DE S.PAULO, 25/05/2011
por ITALO NOGUEIRA
DO RIO


É o vazio o que os une.

Se quase três décadas separam Norman Foster, 75, e Oscar Niemeyer, 103, a arquitetura de um encontra eco na de outro nos amplos espaços abertos que ambos buscam. A admiração comum pelos vãos esteve no centro do encontro entre arquitetos, na última sexta (20), no escritório de Niemeyer no Rio. A conversa integra um documentário de Gary Hustwit, produtor e diretor independente que vive entre Londres e Nova York.

"Urbanized" completa uma trilogia de documentários sobre design que já abordou a tipografia ("Helvetica", 2007) e o desenho industrial ("Objectified", 2009).
No Twitter, Hustwit expressou sua satisfação em ter filmado Niemeyer no Rio. Foster aproveitou a vinda ao Brasil para visitar a contribuição máxima de Niemeyer à história das cidades. Em Brasília, viu "fontes de inspiração" saídas da prancheta de Niemeyer: os palácios do Planalto e da Alvorada.

O dedo de Niemeyer esteve na escolha profissional de Foster. O inglês contou à Folha que o palácio Gustavo Capanema pesou na decisão de ser arquiteto.O edifício no centro do Rio, marco inicial do modernismo brasileiro, desenvolvido sob a batuta do franco-suíço Le Corbusier e concluído em 1947, foi o primeiro projeto importante de que Niemeyer participou.

E, de novo, nesse ponto, surge a ideia de vazio. "Fiquei impressionado como as publicações não mostram o espaço vazio do prédio. O entorno permanece dentro do espaço", disse Foster a Niemeyer, que respondeu afirmando ser preciso "recusar os vãos pequenos. Com vãos maiores, temos liberdade de criação."

ASPECTO SOCIAL
Questionado por Foster sobre a construção de Brasília, Niemeyer preferiu discutir o aspecto social do projeto. "Quando arquitetos vêm de fora para falar comigo, eu levo a conversa mais para o social. A arquitetura é importante, mas a vida é mais", disse o brasileiro, repetindo um discurso que lhe é caro.

"Mais importante do que os prédios são os espaços públicos que eles criam", complementou Norman Foster. Como outro ponto (ou vazio) comum, os dois arquitetos têm no currículo a criação de cidades no meio do nada.

Mas enquanto Brasília privilegia os carros, Masdar - concebida por Foster em 2007 como modelo de sustentabilidade nos Emirados Árabes- favorece o pedestre e veta os automóveis. A diferença conceitual, talvez o maior dos vazios entre os dois, Foster diz ser sinal dos tempos. E contemporiza, dizendo que as duas cidades unem as pessoas "num sentimento comunitário".

Um comentário:

Anônimo disse...

Oscar Niemeyer não projetou brasilia, ele só realizou projetos de arquitetura. Quem projetou a cidade de brasilia foi Lúcio Costa.